Impressão 3D avança no Brasil – Valor Econômico

 In Mídia
A

impressão 3D figura entre as principais transformações da medicina digital. A evolução de materiais, físicos e biológicos, tem permitido a produção de próteses e tecidos. Para alguns especialistas, a fabricação 3D aliada à edição de genes vai resultar na bioimpressão de órgãos, eliminando filas de transplante e reduzindo a rejeição dos pacientes. “A manufatura aditiva traz benefícios como recuperação mais rápida e maior segurança nos procedimentos cirúrgicos”, comenta Guilherme Rabello, gerente comercial e de inteligência de mercado do InovaInCor, núcleo de inovação da Fundação Zerbini, gestora do Instituto do Coração.

Para Rabello, a impressão 3D também propiciará mudanças nas avaliações financeiras dos procedimentos. “Se analisarmos os resultados em longo prazo, veremos que o investimento compensa, sai mais barato”, diz. A equação deixa de levar em consideração apenas o custo do insumo, incluindo economias com intercorrências pós-operatórias, maior qualidade de vida e retorno rápido do paciente à rotina familiar e ao trabalho. “A doença tem custo social alto e ele tem de ser levado em consideração na hora de definir o tratamento.”

A pesquisadora Carolina Caliari, fundadora da In Situ, trabalha para confirmar as vantagens da bioimpressão no tratamento médico. A In Situ, startup incubada no Supera Parque Tecnológico de Ribeirão Preto, nasceu da pesquisa da bióloga sobre terapia celular. A técnica permite a impressão 3D de pele, com o uso de células-tronco, do próprio paciente ou de banco de células.

O resultado é um biocurativo capaz de tratar desde queimaduras até úlceras na pele. “É um curativo inteligente. Além de proteger a ferida, as células expelem substâncias anti-inflamatórias produzidas pelo organismo”, comenta. O objetivo é capacitar o próprio corpo a tratar a ferida, com uso do sistema imunológico e da produção de substâncias como o colágeno. “O processo de cicatrização tem se mostrado mais eficiente”, comenta a pesquisadora.

É um curativo inteligente. Além de proteger a ferida, as células expelem substâncias anti-inflamatórias produzidas pelo organismo. O processo de cicatrização tem se mostrado mais eficiente.

A terapia celular não é regulamentada no país. Mas é uma fronteira tecnológica que deverá ser explorada para capacitar o sistema de saúde. A pele desenvolvida pela In Situ tem potencial de ajudar diabéticos. Em muitos casos, a doença leva à amputação de membros, uma vez que o organismo tem dificuldade em cura as feridas. Em fase de testes clínicos, o projeto consumiu, até agora, recursos na casa de R$ 800 mil, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Utilizamos uma impressora fabricada no Brasil, de outra startup, a 3D Biotechnology Solutions. É uma tecnologia 100% nacional”, diz Carolina.

Anderson Soares, responsável pela operação da Stratasys no Brasil, observa que, apesar da demanda latente no país, a impressão 3D tem crescido de forma tímida no setor de saúde. “É uma indústria muito tradicional e os operadores dos planos ainda calculam o custo com base no valor do insumo. Se imprimir ficar mais caro, partem para produtos tradicionais”, afirma.

Ele cita como exemplo a impressão de modelos para simulação cirúrgica. A técnica permite que a equipe médica replique órgãos em diferentes materiais. A peça, desenhada a partir dos exames de imagem, representa o órgão do paciente, com suas dimensões reais e permite testes de técnicas cirúrgicas e aplicação de próteses.

Em um procedimento oncológico, por exemplo, os médicos enxergam na peça o tumor, todas as suas ramificações e estudam as técnicas e formas de retirá-lo. “A equipe vai mais preparada para o procedimento, que tem duração, riscos e sequelas reduzidos”, explica. A economia com a utilização dos modelos pode variar entre 10% e 70%. “Depende do procedimento. De qualquer forma, o ganho para o paciente é sempre grande”, completa Soares.

De acordo com Soares, o segmento de saúde no Brasil tem demandado ainda recursos de manufatura aditiva para reposição de peças em equipamentos. “Muitas vezes é mais rápido imprimir do que esperar chegar da fábrica. Em algumas horas, a máquina volta a funcionar”, comenta. A área de educação também tem se beneficiado da impressão de modelos de órgãos, de membros e até de corpos humanos inteiros. “Não há a necessidade de estudar medicina em cadáveres”, reforça Soares. Neste caso, a impressão é mais prática e menos burocrática.

A impressão de próteses implantáveis também não é permitida no Brasil. “A regulamentação é um dos gargalos para o avanço da técnica”, explica Arnaldo Berger, CEO da TechCD. Ele ainda cita fatores como a fase do desenvolvimento de materiais e o entendimento das vantagens das próteses impressas pelos planos de saúde como entraves. “Na área de materiais, temos de avançar nos testes de desempenho e documentar os ganhos. Já na área comercial, é preciso maior engajamento dos operadores de saúde”, explica. Ganhar massa crítica é vital para o Brasil que, na visão de Berger, está atrasado, entre sete e oito anos, na adoção da manufatura aditiva na medicina, quando comparado a outros mercados de porte equivalente.

Link: https://www.valor.com.br/empresas/5691373/impressao-3d-avanca-timidamente-no-brasil

In Situ
Somos uma startup de base tecnológica da área da saúde, que visa oferecer como produto a terapia celular individualizada para tratamento de pacientes portadores de úlceras crônicas e queimaduras graves. Nosso principal objetivo é melhorar a qualidade de vida de nossos pacientes.
Recommended Posts
Contact Us

We're not around right now. But you can send us an email and we'll get back to you, asap.

Not readable? Change text.