Os cientistas realmente conseguiram rejuvenescer a pele de uma mulher?

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Frear ou até mesmo retroceder o envelhecimento celular sempre foi considerado um dos maiores desafios impostos aos cientistas.

No entanto, recentes descobertas agitaram a comunidade científica e a mídia nas últimas semanas. Pesquisadores britânicos conseguiram o feito de rejuvenescer células da pele de uma mulher de 53 anos em pelo menos 30 anos!

Mas calma! Isso não significa a descoberta da fonte da juventude e muito menos representa uma revolução na indústria de cosméticos.

O envelhecimento é o declínio gradual e natural nas funções do organismo que ocorre ao longo do tempo, levando à disfunção e doenças. Ao nível celular, o envelhecimento está associado à função reduzida da célula, expressão gênica alterada e epigenoma perturbado.

Por isso, a capacidade de retroceder o envelhecimento é crucial para prevenir e tratar doenças relacionadas à idade, como problemas cardíacos e neurológicos. E é nesse sentido que este estudo foi realmente inovador!

Neste trabalho, os pesquisadores se basearam em uma tecnologia desenvolvida há quase 20 anos, onde os pesquisadores japoneses Yamanaka e Takahashi, reprogramaram células da pele de um indivíduo adulto e a transformaram em uma célula embrionária que por sua vez poderia ser transformada em tecidos específicos, substituindo células já desgastadas.

Essas células são chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (ou IPS). Com essa tecnologia é possível reprogramar geneticamente uma célula adulta de um tecido específico por meio de metodologias laboratoriais in vitro para que a mesma volte a ser uma célula-tronco e possa se diferenciar em outros tipos celulares.

Em um próximo post vamos explicar certinho como esse processo acontece e porque essa descoberta é tão importante.

Estudo conduzido in vitro rejuvenesce células da pele

A utilização de células-tronco pluripotentes induzidas ainda é bastante incipiente. No entanto, este estudo conseguiu de forma pioneira reprogramar células da pele chamadas fibroblastos, fazendo com que estas apresentem características de células 30 anos mais jovens.

Algumas particularidades deste experimento devem ser levadas em consideração. A primeira coisa a se saber é que o estudo foi feito in vitro, ou seja, em placas de petri para cultivo celular. Para isso, os pesquisadores coletaram amostras celulares da pele de mulheres e então fizeram os experimentos em laboratório utilizando apenas estas células.

Outro ponto relevante é que, apesar de ser uma metodologia bastante semelhante à utilizada pelos pesquisadores japoneses, , neste estudo foram modificados alguns parâmetros importantes. Na técnica original, o tempo total das reações químicas da técnica IPS leva em torno de 50 dias para formar células-tronco pluripotentes induzidas. No entanto, durante essa reprogramação, a identidade da célula original é perdida e pode ser difícil de readquirir, pois elas se assemelham a células-tronco fetais e não a células adultas maduras.

Para o estudo em questão, o objetivo foi manter a identidade de uma célula da pele, mas com características mais jovens. Para chegar nesse resultado, o tempo do processo foi reduzido de forma a não realizar a reprogramação completa dos fibroblastos.

Os cientistas descobriram que as células perdem temporariamente e depois readquirem sua identidade de fibroblastos durante o procedimento. Mas o mais impressionante foi que esse método rejuvenesceu substancialmente vários atributos celulares, incluindo características genéticas. Os fibroblastos produziram níveis juvenis de proteínas de colágeno e mostraram rejuvenescimento funcional parcial de sua velocidade de migração. Ou seja, apresentaram características de células de uma pessoa com idade em torno de 20 anos!

As descobertas são promissoras, mas mais estudos são necessários!

O trabalho sugere que não é necessário reprogramar de forma completa as células como se pensava anteriormente. Existe uma janela temporal ideal na técnica que permite separar a reprogramação completa de células-tronco pluripotentes induzidas do processo de rejuvenescimento celular.

Esses avanços abrem portas para a descoberta de novos genes e terapias antienvelhecimento. O potencial destes resultados é enorme e pode abranger terapeuticamente diversas doenças e condições. O próximo passo da pesquisa é verificar se estes efeitos são aplicáveis às células de outros tecidos e órgãos, como músculo, fígado e células sanguíneas.

Ainda não é possível testar os achados clinicamente, pois a tecnologia tem potencial cancerígeno devido às manipulações genéticas nas células. Novas variações do método estão ainda em desenvolvimento justamente para tentar viabilizar testes em humanos no futuro.

Com todos esses avanços científicos, estaríamos diante do embrião de uma pílula antienvelhecimento? A resposta é pouco provável, pois são incontáveis os obstáculos científicos no meio do caminho. O mais provável é que, se houver segurança para utilização em humanos, essa metodologia seja aplicada para o tratamento e cura de doenças e condições específicas, como para a cicatrização de queimadura na pele, por exemplo.

A In Situ Terapia Celular assume o compromisso de trazer informações relevantes e de qualidade para você, sempre baseado em ciência e com fontes de pesquisa confiáveis.

 

Referências:

Gill, D., Parry, A., Santos, F., Okkenhaug, H., Todd, C. D., Hernando-Herraez, I., … & Reik, W. (2022). Multi-omic rejuvenation of human cells by maturation phase transient reprogramming. Elife.

Wilmut, I., Schnieke, A., McWhir, J. et al. (1997). Viable offspring derived from fetal and adult mammalian cells. Nature.

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