Células-tronco da polpa dentária : o que são e como podem ser utilizadas?

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Quando pensamos em células-tronco, logo vem à mente células de origem embrionária. De fato, os embriões são uma grande fonte desse tipo celular.

No entanto, com o passar dos anos a ciência permitiu que houvesse uma expansão do conhecimento acerca de outros reservatórios presentes no organismo humano que são capazes de fornecer células-tronco.

Atualmente, sabe-se que a medula óssea possui linhagens de células indiferenciadas que podem dar origem aos diferentes tipos de células sanguíneas. O cordão umbilical é outro exemplo, assim como diversos tecidos do corpo, incluindo a pele, tecido adiposo, muscular, entre outros.

Nesse ponto, um reservatório tem ganhado destaque: as células-tronco da polpa dentária humana.

Células-tronco da polpa dentária humana (DPSCs)

A polpa dentária é um tecido mole localizado no interior dos dentes, composto por vasos sanguíneos, tecido nervoso e tecido conjuntivo. Na polpa de dentes molares, são encontradas células-tronco indiferenciadas que possuem características mesenquimais, ou seja, de células primitivas derivadas de um dos tecidos embrionários, o mesênquima.

Essas células são consideradas multipotentes, pois possuem a capacidade de se diferenciar em diferentes tipos celulares, incluindo células ósseas, do tecido adiposo, do sistema nervoso e de outros tecidos do organismo. Essa característica em específico pode permitir a sua utilização terapêutica para diferentes doenças, o que representa um grande potencial na medicina regenerativa.

Vantagens da utilização das DPSCs

Além da sua capacidade de diferenciação, estas células possuem outras características que despertam muito interesse do ponto de vista terapêutico.

As DPSCs possuem excelente aderência em superfície plástica e biomateriais, o que aumenta sua aplicabilidade para o desenvolvimento de biocurativos, por exemplo. Além disso, têm boa capacidade de proliferação e também comportamentos que propiciam a formação de colônias. Esses são requisitos que podem viabilizar ainda mais sua utilização em laboratório para o desenvolvimento de novas terapias celulares.

Outro grande benefício das DPSCs é a possibilidade de obtenção destas células em indivíduos adultos durante procedimentos odontológicos de rotina, como a extração de dentes sisos. Do ponto de vista ético, representa uma enorme evolução e facilidade, pois não implica em procedimentos que gerem discussões a respeito de questões éticas quando comparado com a utilização de células-tronco embrionárias.

As DPSCs também possuem um potencial muito bom para a geração de banco de células, pois suas propriedades são preservadas mesmo após criopreservação por longos períodos. Estudos científicos relatam ainda que é possível extrair as DPSCs com bastante eficiência de dentes molares extraídos e preservados por ate um mês.

Uma grande promessa das DPSCs é a sua capacidade de diferenciação em neurônios. Esse tipo celular expressa em sua superfície uma série de marcadores associados às células-tronco neurais (que dão origem às células do sistema nervoso). E mais, as DPSCs expressam também marcadores associados a células nervosas maduras (como os neurônios). Em outras palavras, sugere-se que estas células possam se diferenciar em células semelhantes a neurônios sob condições apropriadas. Estes são achados muito representativos e que podem gerar no futuro esperança para o tratamento de doenças que afetam células nervosas.

Como as DPSCs podem ser utilizadas?

Em experimentos in vitro, as DPSCs foram capazes de estimular a neurogênese em regiões cerebrais de camundongos, como o hipocampo. Além disso, a utilização destas células parece proteger neurônios dopaminérgicos da toxicidade do peptídeo β-amilóide, representando potencial para uso em doenças neurodegenerativas, como o Parkinson e Alzheimer.

Até o momento, existem vários estudos pré-clínicos demonstrando que as DPSCs exercem efeito neuroprotetor, resultando em melhor resultado funcional em modelos de acidente vascular cerebral em roedores.

Outro potencial alvo terapêutico dessa tecnologia é o reparo cardíaco. Pesquisadores evidenciaram que as DPSCs são capazes de reparar tecido do miocárdio infartado, principalmente devido a suas propriedades estimuladoras da formação de novos vasos sanguíneos. Assim, esse tipo celular tem sido considerado uma boa fonte de células-tronco para terapias regenerativas de doenças isquêmicas do coração.

Além do sistema nervoso, outras aplicações estão sendo avaliadas para uma variada gama de patologias, incluindo o diabetes, doenças hepáticas, incontinência urinária e também para lesões na medula espinhal, distrofia muscular, entre outros.

Na área de odontologia, pesquisas científicas indicam que a utilização destas células possa ser promissora no reparo tecidual dentário. As DPSCs podem ser incorporadas a biomateriais que possuem fatores de crescimento e diferenciação, de modo a restaurar tecidos danificados, como a dentina.

A substituição de um dente danificado por outro funcional e vivo é uma das áreas mais promissoras da pesquisa em terapia odontológica. Assim, a tecnologia de regeneração mediada por DPSCs pode ser uma abordagem promissora para a restauração funcional do dente nesses pacientes em um futuro próximo.

É necessário destacar que poucos ensaios clínicos foram finalizados até o momento, portanto, a viabilidade de utilização clínica da DPSCs ainda está em desenvolvimento.

A In Situ Terapia Celular assume o compromisso de trazer informações relevantes e de qualidade para você, sempre baseado em ciência e com fontes de pesquisa confiáveis. Somos especializadas e pioneiras no desenvolvimento de biocurativos com células-tronco para o tratamento de feridas crônicas e queimaduras graves.

Referências:

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 Potdar, P. D., & Jethmalani, Y. D. (2015). Human dental pulp stem cells: Applications in future regenerative medicine. World journal of stem cells, 7(5), 839–851.

Zordani, A., Pisciotta, A., Bertoni, L., Bertani, G., Vallarola, A., Giuliani, D., Puliatti, S., Mecugni, D., Bianchi, G., de Pol, A., & Carnevale, G. (2019). Regenerative potential of human dental pulp stem cells in the treatment of stress urinary incontinence: In vitro and in vivo study. Cell proliferation, 52(6), e12675. https://doi.org/10.1111/cpr.12675.

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