Transplante de medula óssea

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O transplante de medula óssea é um procedimento médico muito utilizado para o tratamento de uma variedade de doenças sanguíneas.

Uma das utilizações mais conhecidas deste transplante é para o tratamento de doenças como a leucemia, um tipo de câncer nas células sanguíneas de defesa (glóbulos brancos). Nesse caso, a medula óssea é substituída por outras células saudáveis, que podem vir do próprio paciente ou de um doador compatível.

O transplante de medula óssea utiliza células-tronco!

Essa é uma informação que poucas pessoas têm conhecimento. A grande verdade é que o transplante de medula nada mais é que um transplante de células-tronco, mais especificamente de células-tronco hematopoiéticas.

A medula óssea é uma substância presente dentro de nossos ossos que além de conter células mesenquimais que podem dar origem a diferentes linhagens mesodérmicas, contém também células progenitoras das diferentes linhagens de células sanguíneas, como os glóbulos brancos de defesa, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Isso quer dizer que a medula óssea funciona como um reservatório dessas células, repondo os componentes sanguíneos que vão sendo destruídos ao longo da vida. Se você tem interesse de entender um pouco mais sobre a medula óssea e as células-tronco, não deixe de conferir nossos conteúdos específicos sobre estes assuntos em nosso blog!

No entanto, existem doenças que podem afetar essas células progenitoras de modo a prejudicar a geração de células sanguíneas saudáveis e funcionais. Nesse ponto, o transplante da medula com células saudáveis pode ser uma boa alternativa em alguns casos.

Existem diferentes tipos de transplante!

Basicamente, existem dois tipos de transplante de medula óssea: o transplante autólogo e o transplante alogênico.

Em alguns tipos de câncer não sanguíneos, o tratamento pode envolver a utilização de altas dosagens de fármacos quimioterápicos ou de radioterapia intensiva. Essas terapias podem, potencialmente, prejudicar as células-tronco hematopoiéticas do paciente e seu sistema imunológico. Um tipo de transplante possível nesse caso, é o transplante autólogo, no qual as células transplantadas vêm do corpo do próprio paciente

Nessa possibilidade, antes de realizar a quimioterapia ou radioterapia, os médicos podem retirar amostras da medula do paciente contendo células-tronco saudáveis. Após o término do tratamento quimioterápico, se houver necessidade, pode-se então transplantar essas células no paciente. Assim, é possível restaurar o sistema imunológico e a capacidade da medula de produzir células sanguíneas, anteriormente prejudicadas pelos tratamentos agressivos. Esse processo também é chamado de resgate de células-tronco.

Por outro lado, o transplante alogênico utiliza células-tronco hematopoiéticas de outra pessoa (doador). Em doenças sanguíneas como a leucemia, o paciente é submetido a um tratamento (como a quimioterapia) que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Após, este paciente recebe as células da medula do doador, que irão percorrer a corrente sanguínea e se alojar na medula óssea, restaurando a produção de células sanguíneas. Em muitos casos, pacientes que receberam um transplante alogênico exibem também um efeito no qual as células-tronco recém-transplantadas atuam reconhecendo e destruindo as células cancerígenas que ainda estão no organismo.

No entanto, é preciso encontrar um doador compatível para que o transplante alogênico seja bem sucedido. Isso porque nossas células de defesa possuem proteínas em sua superfície chamadas antígenos leucocitários humanos (HLA) que precisam ser compatíveis com as que o paciente já possui no organismo. Caso não sejam, as células da medula transplantada podem ser reconhecidas pelo sistema imunológico nativo do paciente como organismos invasores, desencadeando uma reação imunológica conhecida como doença do enxerto contra o hospedeiro. Essa reação pode ocorrer a qualquer momento após o transplante, mas geralmente é mais comum após o momento em que a medula começa a produzir células do sistema imune saudáveis.

Para verificar a compatibilidade, é feito o exame de tipagem HLA. Em geral, irmãos dos mesmos pais possuem uma maior probabilidade de serem compatíveis, mas outros membros familiares ou até mesmo um doador desconhecido também pode ser candidatos, embora com uma menor chance.

Opções alternativas de transplante de medula óssea

Como nem sempre é possível encontrar doadores compatíveis, existem algumas alternativas para driblar estas barreiras.

Uma delas é o transplante haploidêntico. Neste tipo de transplante, as células não são perfeitamente compatíveis para HLA, e sim uma combinação de 50% de compatibilidade. Nesse procedimento, são utilizados tratamentos farmacológicos prévios com quimioterápicos e imunossupressores para minimizar a resposta imunológica do organismo do paciente, inibindo a atividade das células de defesa nativas. Assim, somente as células transplantadas permanecem ativas, sendo capazes de produzir novas células sanguíneas.

O transplante haploidêntico é uma tecnologia inovadora que permite contornar barreiras impostas aos transplantes convencionais. Atualmente, os resultados obtidos a partir dessa modalidade são bastante animadores, produzindo respostas semelhantes aos transplantes realizados com doadores totalmente compatíveis. No entanto, deve-se destacar que a utilização desse tipo de procedimento deve respeitar a avaliação médica, levando em conta outros fatores, como a condição do paciente, gravidade da doença e características do doador.

Existe ainda o transplante de sangue do cordão umbilical. Nesse caso, são utilizadas células-tronco presentes no cordão umbilical de recém-nascidos. Essas células-tronco são consideradas mais imaturas quando comparadas às células-tronco hematopoiéticas, ou seja, possuem uma capacidade maior de diferenciação. Em termos práticos, isso quer dizer que a utilização desse tipo celular reduz a necessidade de uma compatibilidade maior entre as células. Por outro lado, devido a essa imaturidade, as células–tronco do cordão umbilical tendem a demorar mais para se desenvolver como precursoras hematopoiéticas, aumentando o tempo para a geração de resposta no organismo do paciente.

Existem riscos para o paciente e para o doador?

Além da doença do enxerto contra o hospedeiro, existem riscos relacionados à infecção e devido ao uso do tratamento quimioterápico e outros fármacos. A rejeição da medula óssea transplantada também pode acontecer. Por isso é muito importante selecionar doadores compatíveis para minimizar ao máximo os riscos.

A recuperação após um transplante de medula óssea leva tempo, pois o organismo precisa recuperar novamente o sistema imune. Por isso, é imprescindível o acompanhamento médico e realização de exames hematológicos para contagem de células. Além disso, deve-se ficar atento à presença de infecções oportunistas devido ao estado imunodeprimido do paciente.

Para o doador, os riscos são mínimos. A medula óssea é um tecido totalmente renovável, portanto, dentro de pouco tempo ela já estará completamente restaurada. No entanto, é importante realizar uma avaliação clínica antes da doação, especialmente sobre as condições cardiovasculares, pois o procedimento pode envolver a utilização de anestesia.

A In Situ Terapia Celular assume o compromisso de trazer informações relevantes e de qualidade para você, sempre baseado em ciência e com fontes de pesquisa confiáveis. Somos especializadas e pioneiras no desenvolvimento de biocurativos com células-tronco para o tratamento de feridas crônicas e queimaduras graves.

Referências:

Granot, N., & Storb, R. (2020). History of hematopoietic cell transplantation: challenges and progress. Haematologica.

Inca. (2021). Transplante de medula óssea. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tratamento/transplante-de-medula-ossea.

Johns Hopkins Medicine. (2022). Bone Marrow Transplantation. Bone Marrow Transplantation. Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/health/treatment-tests-and-therapies/bone-marrow-transplantation.

Simpson, E., & Dazzi, F. (2019). Transplante de Medula Óssea 1957-2019. Frontiers in immunology.

 

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